CIDADANIA CORPORATIVA: A GESTÃO DA ÉTICA NAS EMPRESAS
Por Maurício França Fabião*
A cidadania é o conjunto de direitos e deveres sociais de um indivíduo em relação à coletividade. Em um mundo cada vez mais violento e desigual, estabelecer quais são as regras de convivência em sociedade é de suma importância para estabelecermos uma nova noção de justiça e igualdade, que garanta um mínimo de bem estar para todos.
A cidadania corporativa é um conceito que define um alto padrão de conduta ética da corporação em relação aos dois principais públicos de qualquer organização: funcionários e comunidade. A sua importância está no fato de que o respeito aos direitos sociais, tanto dos funcionários quanto da comunidade, é um forte fator de sucesso para as empresas.
Outro aspecto importante da cidadania corporativa é o compromisso de valorizar a diversidade. Em um país com extrema desigualdade social, uma empresa que valoriza a diversidade, que combate a discriminação de todos os tipos e tem um código de ética dá uma valiosa contribuição para o progresso de toda a sociedade.
Para planejar um programa de cidadania corporativa, é necessário que a empresa estabeleça um espaço institucional para os funcionários exporem as suas propostas em encontros periódicos. Nessas reuniões, as ações de cidadania corporativa podem ser planejadas com a ferramenta do marketing social, buscando atender às demandas por cidadania, dentro e fora da empresa.
Implantar um programa de cidadania gera muitas vantagens para a empresa, como (1) a melhora do clima de trabalho, pois quando o funcionário sente que os seus direitos estão sendo respeitados, tem mais prazer em trabalhar e cria-se um clima de cooperação interna que estimula a criatividade de todos. Gera, também, (2) o fortalecimento da imagem da organização na sociedade, pois é comprovado por pesquisas que os consumidores privilegiam empresas éticas que respeitam os seus funcionários além do exigido pela lei.
Por conta disso, (3) outra vantagem da cidadania corporativa é o seu fator de atração e retenção de talentos. E (4) o aumento da auto-motivação dos funcionários, pois eles se vêem como cidadãos quando beneficiam a comunidade externa de forma voluntária. Decorrente do voluntariado, (5) temos a vantagem de estimular à pró-atividade solidária dos funcionários através da prática do empreendedorismo social, pois este fortalece o espírito de equipe e estimula a solidariedade para com os colegas. Quando o funcionário se torna um empreendedor social, passa a ser referência de cidadão corporativo competente, um líder que agrega seus colegas em prol de um ambiente de trabalho melhor e de resultados.
Para que um programa de cidadania seja bem sucedido, a empresa precisa ouvir os seus funcionários e a comunidade. Estabelecer uma relação de diálogo é fundamental para que esses dois públicos sintam que os seus direitos estão sendo respeitados e desejem contribuir para com o sucesso da corporação.
Outra medida importante é estimular o voluntariado, capaz de gerar um clima de solidariedade interna que não se pode criar a partir de qualquer tipo de treinamento. Quando o funcionário se entende enquanto cidadão, seus olhos passam a brilhar, o sorriso sai mais fácil, a integração é fluída, o trabalho em equipe vira um prazer e o respeito mútuo se torna uma rotina.
O grande impacto da cidadania corporativa é tornar os funcionários em cidadãos que se engajam no alcance dos resultados institucionais, não só porque vão melhorar a sua imagem e sim porque acreditam que a nossa vida pode ser melhor se cada um fizer a sua parte.
* Maurício França Fabião:
· Sociólogo (UERJ): O Negócio da Ética: um estudo sobre o terceiro setor empresarial (Prêmio Ethos Valor).
· Mestrando de Ciências Sociais (UERJ): “Qual é a paz que eu quero seguir”: ações sociais e juventude no Rio de Janeiro.
· Professor dos cursos: (1) Pós-graduação “Planejamento, Gerência e Avaliação de Projetos Sociais” (Interação Ensino, Pesquisa e Consultoria); (2) “Gestão Social” (Associação de Apoio ao Programa Capacitação Solidária); e (3) “Planejamento de Projetos Sociais” (Governo do Estado do Rio de Janeiro/ Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro/ UNESCO-RJ/ Programa “Escolas de Paz”).
· Consultor do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS), para o projeto CONSAD – Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (Governo Federal/ Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome/ Programa Fome Zero).
· Vencedor dos Prêmios: (1) Ethos Valor – 2ª edição - 2002 (Instituto Ethos e Jornal Valor Econômico); (2) I Fórum Capixaba de Microcrédito e Economia Solidária (Instituto de Gestão Social do Terceiro Setor e Responsabilidade Empresarial); (3) Belmiro Siqueira – 6º Casos e Textos (Governo do Estado do Rio de Janeiro / Fundação Escola do Serviço Público / Categoria Casos e Textos).
Comentários