SEGURANÇA PÚBLICA NÃO É CASO (SÓ) DE POLÍCIA
SEGURANÇA PÚBLICA NÃO É CASO (SÓ) DE POLÍCIA: Contra a criminalização da
pobreza e dos movimentos sociais
Por Maurício Fabião[*]
Rio de Janeiro, 22 de março
de 2010.
Fonte: Latuff (2008)
Cidadania é crime no Brasil?
Fonte: Latuff (http://www.piratininga.org.br/images//Latuff_2009.jpg)
Questão social (ainda) é caso de polícia?
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Transversalmente, a pobreza também era criminalizada: índios eram marginalizados (pois eram tidos como “selvagens”), afro-brasileiros recém-saídos da senzala eram presos por “vadiagem” (pois estavam desempregados), a capoeira era “coisa de bandido” (porque era utilizada como defesa em brigas contra os policiais), e o samba era música de “malandro”, reprimida pela polícia de forma parecida como o Funk Carioca é hoje... A regra da República Velha era clara: para a elite, tudo (brioche, latifúndio e liberalismo), para os trabalhadores/ pobres, a lei (ou seja, cadeia). A pergunta que coloco neste início de artigo é a seguinte: mudou muita coisa neste século 21?
Segundo Karl Marx, “a
burguesia é a classe mais revolucionária da História”,[1]
pois está constantemente revolucionando o seu modo de produção. Isso, segundo o
filósofo Marshall Berman,[2]
faz com que a modernidade seja a época em que o ser humano precisa se adaptar com
mais rapidez às mudanças, pois todas as relações humanas estão subjugadas à
produtividade do trabalho. Desta forma, ao longo dos últimos 100 anos, as
elites dirigentes aprenderam, com os movimentos sociais e com o povo pobre do
Brasil e do Mundo, à como “mudar tudo para não mudar nada”: criaram leis
trabalhistas (mas não acabaram com a exploração), criaram a sua própria forma
de fazer “agitação e propaganda” (chama-se marketing),
aprenderam a importância das ações sociais para o seu próprio bem e para o próximo
(conhecida hoje como responsabilidade
social das empresas), mas nunca abriram mão do poder. NUNCA!
Uma prova dessa
capacidade da Direita de se apropriar de símbolos e práticas da Esquerda, sem
abrir mão do poder, foi a passeata organizada no dia 17/03/2010 pelo
Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, em defesa dos
royalties do petróleo. É realmente
IMPRESSIONANTE como a Direita se apropria de símbolos históricos da Esquerda,
quando a "chapa esquenta". Reparem só: a mão com o punho cerrado do
símbolo "militante" do governo fluminense é a mão direita,
literalmente! Parece cômico, se não fosse trágico...
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Fonte: link: http://twitpic.
com/18vsjm
O “lado a”
do Sérgio Cabral, quando mexem no “sonho” das Olimpíadas/reeleição.
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Se você quer MESMO lutar pelo Rio de Janeiro, não seja massa de manobra de um governador assassino, que diz que "barriga de mulher de favela é fábrica de bandido"! Como bem disse o João Luiz Duboc Pinaud (jurista, especialista em direitos humanos), em uma palestra ao lado do Siro Darlan, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro: se o Sérgio Cabral Filho tivesse o mínimo de caráter, ele "pediria para sair" no dia seguinte... Mas o que isso tem a ver com o genocídio de milhares de jovens negros pobres e favelados?[3]
Fonte:
Latuff - http://mariafro.com.br/wordpress/?p=537
(2008).
O “lado b” do Sérgio Cabral, nos 60 anos dos
Direitos Humanos: garoto assassinado quando ia comprar pão.
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Quer
acabar com a violência no Rio? Comece pensando porque a polícia entra para
matar qualquer um nas favelas (incluindo trabalhadores/as), como se fosse o
exército israelense em um campo de refugiados palestinos (não é à toa que o
Governo Federal comprou aviões de Israel...). E pense porque nos últimos trinta
anos os recursos do petróleo não foram usados para aumentar os salários dos/das
professores/as, médicos/as, enfermeiros/as, policiais, bombeiros/as etc., mesmo
com recordes de arrecadação. Não! Primeiro vem a Copa, as Olimpíadas... Funcionalismo
público? Quem??? Diminuir as
desigualdades sociais nas cidades? O que???
E por falar em desigualdade
social e da eterna hegemonia das classes dominantes, isso se demonstra
claramente no direito à cidade. No entanto, devemos evitar categorias
totalmente excludentes, como a famosa expressão “cidade partida”. Esse
termo foi uma figura de linguagem criada pelo sensacional jornalista Zuenir
Ventura, que queria chamar a atenção da opinião pública sobre um dos maiores
dramas sociais do Rio de Janeiro e, porque não, também das principais capitais
brasileiras. Tendo coordenado um projeto social em Vigário Geral, em 2003,
acredito que uma das inspirações do Zuenir foi aquele monstruoso muro que
separa a comunidade do bairro, que faz com que ela mais se pareça um campo de
concentração às margens do Muro de Berlim...
No
entanto, a nossa cidade NÃO é partida, de jeito nenhum! Ao contrário,
justamente por ser desigual, a nossa sociedade/cidade moderna é
política-cultural-socialmente transversal, pois as pessoas de diferentes
classes e estratos sociais se cruzam e estabelecem relações de
dominação-opressão: a dona de casa e a empregada doméstica, o gerente e o
faixineiro, o intelectual e o sambista, o gestor público e a liderança da
associação de moradores, a patricinha e o funkeiro, o delegado e o dono da
boca... O tráfico de drogas de varejo, que se encontra nas favelas, não é poder
paralelo coisa nenhuma: o poder do tráfico provém de várias forças externas à
favela (policiais e políticos corruptos, megatraficantes de armas e drogas
etc.) e só existe graças à essas forças.
O
que existe no Grande Rio e nas demais Regiões Metropolitanas do Brasil não é a
exclusão absoluta dos pobres ("cidade partida"), mas sim a
"inclusão à margem" (como coloca Pedro Demo): as pessoas mais pobres
são incluídas desigualmente no sistema. O que o maravilhoso Zuenir Ventura fez
foi criar uma frase-síntese de impacto, como todo bom jornalista, assim como o
Henfil (literalmente) criou o "Diretas Já" em uma entrevista com o
Tetônio Vilela, que nunca disse essa frase... Mas, não podemos confundir o bom
jornalismo com a má sociologia, pois isso (desculpe à redundância) dá margem à
criação de políticas públicas que, ao consolidar a visão da exclusão absoluta,
acabam por reforçá-la, pois fortalecem a visão do "nós e eles".
Então, o que era uma simples diferença de habitação, vira uma desigualdade de
acesso/exercício de direitos à cidade, entre as classes sociais.
Sim, as classes são extremamente distintas, mas
não há apartação, como ocorreu na África do Sul, ou no Sul dos EUA ou, até
mesmo, como ainda ocorre no sistema de castas indiano. Isso porque,
a nossa cultura "mestiça" (termo complicado toda vida...) faz com que
os conflitos sociais na cidade sejam camuflados nas relações de
"amizade" (a tal da "cordialidade", que se referia o Sérgio
Buarque de Hollanda, “o pai do Chico"). Resumindo a ópera: não há
"cidade partida", há cidade desigualmente distribuída e anti-democrática.
A cidade deveria ser, mas não é de todos: ela é dos empresários e das máfias. E ser democrático é, antes de tudo, disputar palmo-a-palmo
a construção de um Projeto de Soberania Popular, com esses senhores que fazem
do Estado "um comitê organizado da burguesia" (como escreveu o velho
Marx).
Um
bom espaço pra discutir “a questão urbana” será o Fórum Social Urbano,[4]
que as organizações não-governamentais e os movimentos sociais estão
organizando, entre os dias 22 e 26 de março de 2010, aqui no Rio de Janeiro, em
paralelo ao Fórum Urbano Mundial, da ONU/empresas.
Agora, vamos verificar o
que significa, estatisticamente, a desigualdade social: no Brasil, 1% dos mais
ricos detêm 12% do PIB, enquanto os 50% mais pobres[5]
(ou seja, “só” metade da população nacional...) detêm apenas 14% das riquezas,
a maior violência é a fome e a miséria, que deixam 75 milhões de brasileiros em
situação de insegurança alimentar (leve, moderada e grave).[6]
Isso significa que as elites sempre concentraram riqueza demais no Brasil,
apesar de terem concedido (no papel) muitos direitos ao povo, graças às
pressões da sociedade civil organizada. Mas, como é possível viver em paz se
você não tem poder de decisão, mal consegue ser ouvido e toda vez que resolve
protestar, é “amigavelmente protegido” pela polícia (militar, civil ou
federal)? Ou seja, entendo que violência é a violação de qualquer direito
humano.
Como escreveu o compositor
Marcelo Yuka, “paz sem voz não é paz, é medo”.[7]
Não há segurança pública sem a participação do “público pagante” (do cidadão-contribuinte),
em toda gestão das forças polícias. Obviamente,
trabalho com uma concepção ampliada de cidadania, que não se limita ao
pagamento de impostos. O que eu quero, aqui, é defender a tese de que a segurança
pública só se faz com participação ativa do público (povo), ou não é pública de
jeito nenhum! No entanto, faço uma leve e indireta alusão à
"cidadania regulada", do Wanderley Guilherme dos Santos, destacando
(também indiretamente) que o dever de pagar os nossos impostos nos dá o
direito de cobrar bons serviços públicos. Como no Brasil há brutal déficit
democrático, conseguir fazer as pessoas pensarem que elas tem o direito de
cobrar por aquilo que pagam (inclusive, por segurança), é quase uma
"revolição" (mudança radical de valores).
"IMPASSES" DEMOCRÁTICOS
Fonte: Latuff
La Pietá das Favelas Cariocas.
Neste sentido, o controle ferrenho que os governos e as entidades de classe (policiais e militares) exerceram durante as etapas da Conferência Nacional de Segurança Pública e as críticas ferozes que o III Plano Nacional de Direitos Humanos (fruto de um amplo debate democrático com a sociedade) vem sofrendo dos conservadores, fazem parte de um mesmo processo: a “inclusão à margem”, de que nos falava Pedro Demo[8] - o povo até pode comparecer, mas deve somente aplaudir e ficar calado, “sem voz”, no “seu lugar”, com a boca amordaçada pelo fuzil da polícia, da milícia e do tráfico. E, às vezes, tem o direito de contar e carregar seus mortos...
Políticas sociais se reduzem, cada
vez mais, a ofertas assistenciais encurtadas, empobrecidas, realizando uma
inclusão na margem. Os pobres estão dentro do sistema, mas na periferia, pois
lá é o lugar deles! A despolitização da sociedade deveria nos preocupar, porque,
ao contrário do que o mercado sugere (ou seja, que expectativas alternativas
não fazem mais sentido), a despolitização é o signo seguro de uma politização
em marcha impiedosa. Querem-nos como marionetes, massa de manobra. A juventude,
assim parece, já é. Seria importante repensar nossos sistemas educacionais, até
porque são, hoje, um investimento mais ou menos perdido. Sendo a escola pública
no fundo a única chance real do pobre, sua qualidade é decisiva para o futuro
da cidadania popular e para a democracia. Bons professores são chave para a
cidadania popular e para novas alfabetizações digitais críticas e criativas. Em
termos de pobreza, tudo é muito grave. Mas nada é mais grave que a pobreza
política.
Neste sentido, é pura pobreza política considerar que se
resolve o problema da violência urbana com o oferecimento de bolsas de estudo para
que os “jovens-negros-pobres-favelados-de-16-à-24-anos” (jargão político e
social dos anos 90, que tem base na realidade, mas não é a sua totalidade...) não
entrem para o tráfico de drogas, ou conseguir empregos “permanentemente
provisórios”[10]
para os egressos do sistema carcerário saírem da “vida louca”. Educação e
trabalho são direitos humanos e não devem ser vistos apenas como “ações
emergenciais”. Essas duas ações, de prevenção e remediação, são importantes,
necessárias e devem não só continuar, como devem ser ampliadas, fortalecidas e
cada vez mais reconhecidas (simbolicamente e materialmente, como aponta Nancy
Fraser[11]).
No entanto, o que mais falta em qualquer plano municipal, estadual ou federal
de segurança com cidadania, tal como o PRONASCI, é, justamente, a livre,
igualitária e fraterna participação popular. “Ah, mas já fazemos isso! Nós
chamamos as lideranças comunitárias. Elas sentam na mesma mesa e até ouvimos o
que elas (principalmente elas) têm a nos
dizer”, pode argumentar alguma autoridade. Mas não basta só ouvir.
O PRONASCI representa um grande avanço na história
da segurança pública do Brasil. Mas a minha questão é mais
profunda: é uma questão de soberania popular (no fundo, estou rediscutindo o
fundamento político do Estado moderno - Tocqueville, Rousseau... Revoluções
Inglesa, Americana e Francesa...). Repito: não basta somente "ouvir"
as lideranças ou qualquer outro tipo de cidadão, pois presenciei, acompanhei, incentivei
e articulei inúmeros casos de escuta e ouvidoria. A questão é que as lideranças
comunitárias (assim como outras lideranças populares) muito raramente são
convidadas para DECIDIR o desenho original das políticas públicas, a sua execução
e formas de correção de rota. Esse papel ainda cabe à nós,
intelectuais/técnicos da classe média/alta, com base em pesquisas onde as
lideranças comunitárias foram "ouvidas".
Por melhores que sejam as intenções de
maravilhosos intelectuais brasileiros, enquanto as políticas públicas
continuarem vindo de "cima para baixo", elas não vão criar raízes, ou
seja, serão apenas políticas de governo e não políticas de Estado. Neste
sentido, não se tornam “estruturas estruturantes”[12] que transformam significativamente a vida das
pessoas cujos direitos são violados, mas fazem apenas pequenas mudanças
conjunturais, que até podem ser significativas, mas não são transformadoras. Não
faltam exemplos de que as “boas intenções” de gabinetes federais não chegam na
ponta do sistema de (in)segurança pública.
SE OUVISSEM O ZÉ DO CAROÇO...
Lecy Brandão, grande
compositora brasileira do outrora perseguido samba, compôs certa vez uma
belíssima canção, chamada “Zé do Caroço”, cantada lindamente por Seu Jorge[13]
(que viveu em situação de rua, em certa época de sua vida), um dos melhores
artistas da (verdadeira) música popular brasileira, de todos os tempos. Pois
bem, nesta bela canção, nos é apresentado uma liderança comunitária do Morro do
Pau da Bandeira: uma das três comunidades do Complexo dos Macacos, localizado
no bairro de Vila Isabel, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, onde pude
coordenar um projeto sócioeconômico do Favela-Bairro, em 2003. “Vila Isabel”,
aliás, em homenagem à Princesa Isabel (que assinou a Lei Áurea que “libertou”
os escravos), feita pelos engenheiros abolicionistas que construíram esse
bairro carioca, a partir da antiga fazenda dos Macacos, localizada no Andaraí
Grande, no final do século 19.[14]
Fonte: Latuff - http://virusplanetario.files.wordpress.com/2009/10/latuff.jpg (2009)
O Estado Policial contra a Sociedade: é assim que se faz paz?
Como toda liderança comunitária que se preza, Zé do Caroço era um chato de marca maior: reclamava do preço da feira, fazia discurso no meio da novela, zoava a favela inteira. Mas, tenho a suspeita de que se a Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado do Rio de Janeiro tivesse ouvido e OBEDECIDO às lideranças comunitárias atuais de comunidades mais próximas, como a do Morro
do São João (no bairro do Engenho Novo), não teria sido abatido um
helicóptero da Polícia Militar, no dia 17 de outubro de 2009 (que, aliás, é o
Dia Internacional da Erradicação da Pobreza). Não teriam morrido os três
policiais que estavam na aeronave e não teriam ocorrido os mais de 40
assassinatos derivados da vingança institucional que a polícia implementou
naquela região da cidade.[15]
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Fonte: Latuff (2008)
Sabe por que? Porque quem apontou aquele armamento de guerra para o helicóptero, provavelmente, estaria na escola, no cursinho preparatório ou no trabalho, tendo uma vida suficientemente digna para criar em paz os seus filhos, que não seriam assassinados por uma “bala perdida” no caminho da escola, como aconteceu com uma criança da mesma comunidade (2007), durante invasão policial.
Aliás, penso que toda
vítima ou família destruída por uma “bala perdida” deveria receber uma
indenização do Estado, assim como as vítimas de acidentes de trânsito recebem
uma indenização do DPVAT, bastando apresentar o BO (Boletim de Ocorrência). O
Estado não deve garantir a vida e a segurança? Então, quando não garante,
deveria pagar por isso...
Quem conhece, sabe: Macacos
está em “guerra” há anos. E guerra só continua quando tem alguém ganhando com
ela. Quem ganha com a manutenção do tráfico de varejo nas comunidades
populares? Quem paga para que essa guerra continue “em paz”? Como cantam os
Racionais: “Não conheço pobre dono de aeroporto”.[16]
Quem conhece, sabe...
“Ah, mas OBEDECER liderança
comunitária é um absurdo! Um disparate, um impropério, uma falta de limite, uma
irresponsabilidade total!”, podem gritar muitos membros das elites e dos
governos. Afinal, só para lembrar, “barriga de mulher grávida é fábrica de
bandido”, não é Cabral? Segundo, “quem queima ônibus para protestar contra a
polícia está, automaticamente, em conivência com o tráfico e, logo, também é
bandido”, não é Garotinho? Então, obedecer liderança comunitária seria o mesmo
que obedecer ao crime, ora! Logo, “questão social é caso de polícia”
(principalmente se for a P2...).
Fonte: http://www.correiodonoroeste.com.br/wp-content/uploads/2009/01/rio.jpg
(Rio, 28 de janeiro de 2009).
Será que toda
vez que uma favela protesta é por conivência ao tráfico? Ou será revolta mesmo?
Então, se quisermos acabar
com esse “processo
insensato e genocida, gerador da miséria que coloca milhões de pessoas nos
limites insuportáveis da fome e do desespero”,[17] como berrou o sociólogo Herbert de Souza há 17 anos atrás, precisamos
(re)construir políticas de segurança pública que comecem, caminhem e terminem
na soberania popular. O povo tem que ter voz e vez, sempre.
E nesses 100 anos do Dia Internacional
da Mulher, é mais do que fundamental reconhecer que, em um país brutalmente
machista (que o diga a batalhadora e sobrevivente Maria da Penha), a esmagadora
maioria das lideranças comunitárias de todo esse país é composta por mulheres
de verdade, guerreiras, orgulhosas, corajosas, que cuidam da sua família e da
família dos outros (na maioria das vezes, totalmente de graça), subindo e descendo
as favelas das cidades, os assentamentos dos campos e os gabinetes dos governos,
correndo “na frente” por um Brasil onde “o filho teu não foge à luta”, jamais!
[1] MARX,
Karl & ENGELS, Frederich. “Manifesto do Partido Comunista”. 1848.
[2] BERMAN,
Marshall. “Tudo o que é sólido desmancha no ar”.
[3] CF.
“Mapa da Violência no Brasil”. Disponível em: http://www.riodepaz.org.br/artigos_pesquisas/pdf/mapa_violencia_web.pdf
[5] IBGE.
PNAD 2009.
[6] IBGE.
PNAD Segurança Alimentar. 2004.
[8] DEMO,
Pedro. “A pobreza da pobreza”.
[9] DEMO,
Pedro. “Pobreza política”, 2008. In: http://pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/pproma.html.
[10]
DEJOURS, Cristof. “A banalização da injustiça social”.
[11] FRASER,
Nancy. Reconhecimento Simbólico e Material.
[12]
BORDIEU, Pierre. Estruturas estruturantes.
[14] IBASE.
“Quando a memória e a história se entrelaçam”. Rio de Janeiro, 2003.
[17] SOUZA,
Herbert de. “Carta a Ação da Cidadania”. Rio de Janeiro, julho de 1993.
Disponível em: http://jbonline.terra.com.br/destaques/betinho/carta.html.
[*] Maurício França Fabião é
sociólogo, mestre em ciências sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
professor de sociologia e ativista social. Contatos: mauriciofabiao@hotmail.com. Artigos:
http://mauriciofrancafabiao.blogspot.com.
O autor agradece à jornalista Cecília Oliveira (http://www.armabranca.blogspot.com/) pela inspiração, à advogada Carolina Iootty Dias e ao consultor político Horácio Martins pelos comentários críticos, e ao
desenhista-ativista Carlos Latuff por ter cedido os desenhos que ilustram esse
artigo. A responsabilidade pelo uso que fiz destas contribuições é inteiramente
minha.
Comentários
Espero que esteja ciente de que, na sala de aula, a missão de um professor é repassar o conteúdo aos seus alunos e, muito mais importante do que isso, fazer com que os seus alunos desenvolvam uma capacidade de reflexão e análise sobre o mundo em que vivem. Desta forma, um pré-requisito pra um bom professor, por mais extremista que este seja, não deveria ser a imparcialidade?
Caro prof. Maurício Fabião (digo isso por que sou seu aluno), peço ao senhor que reflita sobre as aulas que dá. Respeito a sua opinião, você tem o total direito de pensar da maneira como bem entender. No entanto, não acha que em suas aulas, ao dizer que a Veja é "a pior revista do Brasil", que "o capitalismo mata", "que não se pode viver em paz em uma sociedade capitalista", e que "a Vale do Rio Doce mata", entre outras, está faltando com a imparcialidade?
Respeito o senhor e admiro o seu empenho na luta por uma sociedade mais igualitária. Mas levar os seus alunos, por mais que seja involuntariamente, à pensarem da sua maneira, e não dando margem à outras interpretações da sociedade em que vivem, é algo inaceitável para um professor do seu escalão.
Espero que o senhor entenda o que estou dizendo como uma forma de querer ajudá-lo. Sou aluno do Colégio Teresiano, 1º ano do Ensino Médio, para ser mais exato.
Atenciosamente,
Aluno desconhecido
ps. Cade voce?? Tem quase um mês que vc nao da aula pra gente. Sua batata ta assando hein, se cuida com a dona teresa.
Boa sorte e que tudo de certo na sua vida.