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DIREITA, (EN)VOLVER!: Como o Neoconservadorismo Brasileiro “criou” o fenômeno Bolsonaro.

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Por Maurício Fabião . i mauriciofabiao@gmail.com Queimados (RJ), Junho de 2021. Em junho de 2013, milhões de jovens  e trabalhadores  se mobilizaram em gigantescas passeatas,  em cerca de 500 cidades do Brasil , exigindo (inicialmente) o não-aumento da s tarifas dos ônibus. Logo em seguida, os protestos foram em favor de direitos sociais: educação, saúde, trabalho, segurança etc., obtendo o apoio de 89% da população . i Em princípio, tais manifestações aparentavam ter características  de Esquerda ii Naquele ano, após ter ido à uma passeata em junho, poucos meses depois dei uma entrevista para a emissora árabe de televisão Al Jazeera sobre tais Jornadas e, para ser bem sincero, nenhum cientista social, analista político ou formador de opinião tinha a real dimensão do que havia acontecido. O que fo i percebido depois com (alguma) clareza , por vezes de forma dicotômica iii , é que as Jornadas teriam sido ora algo próximo (se não efetivamente) uma insurreição popular, iv v ora

A FOME AINDA NÃO ACABOU

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A FOME AINDA NÃO ACABOU Por Maurício Fabião [i] Rio de Janeiro, 27/02/2016. mauriciofabiao@hotmail.com Para o senso comum e alguns membros do Governo Federal, a fome teria terminado no Brasil. Isso não é verdade. Segundo dados do IBGE, ainda existem 7,2 milhões de pessoas na extrema pobreza, sendo que 52 milhões de brasileiros se encontram em algum nível de insegurança alimentar [ii] . Essa miopia acerca da fome, que levou várias ONGs a abandonarem a luta contra a fome e a miséria, se deve ao relativo sucesso do Programa Bolsa Família (PBF), que teria tirado milhões de pessoas da pobreza. Por que digo que é relativo? Por que transferência não é redistribuição – o dinheiro não é da família, mas do governo, que pode retirá-lo da família a hora que quiser ou tiver que tirar, caso a família não cumpra com as contrapartidas sociais. Em segundo lugar, o PBF, que se baseia no Imposto de Renda Negativo, do economista neoliberal Milton Friedman (me desculpe, Eduardo Suplicy), u
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A cidadania existe? Por  Maurício Fabião .  Rio de Janeiro, 19/04/2015. É recorrente apontarmos a cidadania como um conjunto universal de direitos e deveres dos cidadãos de um território em relação à um Estado. O que raramente é apontado é que quando ela foi criada, em Atenas (Grécia), há cerca de 2.500 anos, ela não era válida para crianças, jovens, mulheres, estrangeiros, pessoas sem propriedade e, claro, escravos. Essa população, excluída do nascimento da cidadania, representava cerca de 75% da Cidade-Estado de Atenas. Esquecida durante séculos, a noção e a prática da cidadania é retomada nas que eu chamo de “as três grandes revoluções burguesas da Idade Moderna”, a saber: a Revolução Inglesa (1640), a Revolução Americana (1776) e a Recolução Francesa (1789). Cada uma, a seu modo, procurou recuperar o legado da cidadania ateniense, mas com uma diferença fundamental: a cidadania não era mais exercida diretamente, mas por meio de representantes. Os demais direitos foram sendo ampl

CIDADES E CONFUSÕES

CIDADES E CONFUSÕES Por Maurício Fabião [i] mauriciofabiao@hotmail.com Rio de Janeiro, 07 de agosto de 2012. Em um mais um ano de eleições municipais, a cidade do Rio de Janeiro é um importante centro de atenções, devido aos dois grandes eventos esportivos que o futuro prefeito irá receber: alguns jogos da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e todas as atividades dos Jogos Olímpicos de 2016. Muita coisa está em “jogo”: não só a eleição, como os volumosos orçamentos e rendas advindas desses eventos, como o modelo de grande cidade que se quer construir nesse país. O Rio de Janeiro se insere em um cenário nacional com significativas mudanças ao longo dos últimos 20 anos. Do primeiro Impeachment presidencial à primeira mulher presidente, tivemos 8 anos do assim chamado “príncipe dos sociólogos” e mais 8 anos do primeiro ex-operário. Vêm sendo anos intensos, com uma mistura intrigante entre neoliberalismo (queda vertiginosa da inflação, estabilização econômica a custo

A PROMESSA DA RAZÃO

Toda racionalidade está entrelaçada com a emotividade. Com a modernidade, se criou o mito da razão onipotente, que "matou Deus", que através da ciência e da tecnologia poderia resolver todos os problemas humanos. Com a Segunda Guerra, vimos do que a nossa "razão" é capaz. Picasso percebeu que o Homem morreu, que era preciso reinventar a humanidade. Entramos no labirinto da dita pós-modernidade, que não nos promete nada, a não ser mais consumo e caos. Desesperados, muitos buscam na metafísica das religiões a direção para suas vidas. Outros se apegam ao consumo. Nada, porém, garante que a luz ao final do túnel não seja um trem... #pensenisso

De onde vem a miséria humana?

DE ONDE VEM A MISÉRIA HUMANA? Por Maurício Fabião* Maceió, 14/02/2011. O senso comum (e o censo governamental...) considera que a miséria é apenas uma questão de falta de dinheiro. Existem inúmeros estudos econômicos pretendendo estabelecer uma linha da miséria que se desprenda do clássico "1/4 do salário mínimo", para que a miséria de renda possa ser medida, calculada, avaliada, esquematizada, racionalizada. Mas existe uma dimensão fundamental da miséria que escapa à maioria dos estudos. De onde vem a miséria humana? Quando pensamos em um ser humano pleno, temos em mente alguém educado, saudável, seguro, livre, com oportunidades iguais, morando adequadamente, bem remunerado, se divertindo e, sobretudo, amado e feliz. Para quase todas essas características acima, nós temos indicadores para medir. Mas como se mede a felicidade de ser amado ou a infelicidade de não ser amado? E aqui não estou falando somente do amor romântico, mas do amor social. O amor social é uma q

Luto pelo Rio: O que podemos fazer?

LUTO PELO RIO: O QUE PODEMOS FAZER? [1] Por Maurício Fabião [i] Rio, 21/04/2010. Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado | Ninguém respeita a Constituição Mas todos acreditam no futuro da Nação | Que país é esse? (Legião Urbana) No dia 06 de abril de 2010, o estado de sítio desaguou no Rio na forma de um temporal de incompetência política. O capitalismo de desastre[2] mostrou a sua face: o atual governador do Rio de Janeiro acusou os pobres pelas próprias mortes, “lavando as mãos do sangue dos justos”, no meio da contagem dos mais de 200 mortos [trabalhadoras(es), crianças e idosas(os)], por conta da falta de planejamento urbano para prevenir os efeitos de fortes chuvas (as quais são derivadas das mudanças climáticas iniciadas na Revolução Industrial). A “Tragédia do Rio” (como a mídia corporativa classificou esse fato social) trouxe de volta a discussão sobre o que podemos fazer com as favelas cariocas e fluminenses. Desde da década de 1930, com o Pla